sábado, 29 de novembro de 2014

Las Taradas: bobas na arte e na vida

Foto: Rafael Flores
Em turnê por algumas cidades brasileiras, o som vintage da orquestra argentina Las Taradas fez escala em Vitória da Conquista na noite da última sexta (28). O grupo composto por sete mulheres resgata grandes sucessos e músicas pouco conhecidas das décadas de 40 e 50, dando uma nova roupagem repleta de bom humor. O primeiro álbum, “Son Y Se Hacen” (2012), traz ritmos como o bolero, o cha cha cha, a cumbia, o blues e até mesmo o rock

Antes da apresentação no Clube D’Waller, como parte da programação do Festival Suíça Bahiana, nossa equipe conversou com o Las Taradas, num bate papo descontraído sobre influências musicas, curiosidades da banda e novidades do segundo CD.

O que despertou em vocês o interesse para que buscassem músicas das décadas de 40 e 50 para compor o trabalho?
O estilo dessas épocas são estilos de músicas que nós não fazíamos antes do Las Taradas, então foi também para a gente uma curiosidade de começar a explorar e a pesquisar as músicas que a gente conhecia de ouvido, mas não conhecia com profundidade.


No primeiro CD vocês gravaram “Disseram Que Eu Voltei Americanizada”, de Carmem Miranda. Existe algum outro artista brasileiro que influencie o trabalho de vocês, seja de uma época mais antiga ou dessa mais atual?
Somos muito fãs de Jorge Ben, por exemplo, mas também Gal Costa, Caetano, Rita Lee, Os Mutantes, Baby Consuelo. Músicas divertidas, porque o “taradas” em espanhol, que tem um sentido diferente em português, tem a ver com a nossa ideia de sermos bobas e tolas na nossa própria vida. Nós sabemos que somos, mas é melhor que a gente fale disso antes que os outros falem. O humor é muito importante. Os artistas que tem humor, que aqui no Brasil tem bastante, a gente gosta. Com relação aos mais antigos, gostamos de Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso; essa época do samba canção a gente gosta muito.

Como está sendo pra vocês essa turnê pelo Brasil, passando por grandes capitais e cidades do interior?
Está sendo uma experiência muito linda, muito intensa e diversa também. Estivemos em lugares muito conhecidos como Rio e São Paulo, mas também em lugares menores como aqui em Vitória da Conquista e Rio Preto, onde fizemos show. Lugares que se não fosse dessa forma, talvez levaríamos anos e anos sem conhecer. Está sendo uma experiência linda. É a nossa terceira vez no Brasil, que é o único país que visitamos fora da Argentina. É uma oportunidade de conhecer mais não só da geografia e da sociedade brasileira, mas também da música que é bem diferente da Argentina.



Com relação ao próximo CD, além de apresentar músicas autorais, o que vocês estarão trazendo de diferente?
O primeiro disco foi mais alegre, mais extrovertido. As músicas que estamos fazendo agora têm certa introspecção. Estamos deixando que esse segundo disco apareça sozinho. Somos um grupo de amigas e procuramos nos divertir, mas nesse novo trabalho queremos passar um recado com as canções. A composição tem que ter um espaço e a gente tem dado esse espaço para compor.

Todas vocês tem um nome “tarado”. Esses nomes têm a ver com a personalidade de cada uma ou são apenas personagens que vocês assumem quando estão no palco?
As duas coisas. Por isso que o primeiro CD se chama “Son Y Se Hacen” (São e Se Fazem). A gente assume que é idiota, porque na nossa vida, todo dia, sempre fazemos uma coisa que pensamos: “que tarada, que idiota!”. Ao mesmo tempo em que sabemos que se fazer de boba é uma ferramenta de inclusão no mundo; muitas pessoas têm cara de bobo para alcançar seus objetivos, é uma tática. Isso de sermos bobas é autobiográfico, mas ao mesmo tempo é um personagem que a gente monta inicialmente, não só para o palco, mas também para a vida.

Ouça "Son Y Se Hacen", primeiro disco do Las Taradas

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