quarta-feira, 27 de maio de 2015

Dingo Bells apresenta crônicas cotidianas em álbum de estreia


Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, rotinas aceleradas, romances incoerentes (ou não), questionamentos e incertezas, a vida cotidiana sempre ofereceu ótimos elementos para a produção de trabalhos musicais. Porém, poucos soam tão completos e sinceros quanto o disco "Maravilhas da Vida Moderna", trabalho de estreia da banda gaúcha Dingo Bells. Na profusão de ideias, sensações e olhares, tão particulares quanto os fatos da vida, o trio faz uma estreia sólida com um disco que pede para ser ouvido e apreciado por horas e horas. 

Apesar de novo, "Maravilhas da Vida Moderna" traz a impressão de ser algo que sempre esteve aqui, não por soar mais do mesmo ou repetitivo, muito pelo contrário. O álbum tem sonoridade moderna, com faixas bem produzidas e até uma pitada experimental/psicodélica, mas apresenta melodias com cargas de nostalgia capazes de serem absorvidas e tomadas como propriedade única de quem as escuta. 

Com "Eu Vim Passear", o trio abre o disco em uma levada pop e letra de impacto. Talvez o verso "que gosto tem o que faz bem" sintetize a essência da faixa, que fala sobre a necessidade de apreciar o mundo sem tanta pressa, como num passeio. "Mistério dos 30" apresenta uma visão muito particular do que é a vida e segue a mesma linha reflexiva de quem se dá conta dos segredos para fugir do tédio e da infelicidade. 

Em 11 faixas, o álbum percorre por paisagens sonoras diversas e ricas em detalhes. "Dinossauros" estabelece um paralelo entre a realidade e a imaginação numa melodia intimista, assim como "Maria Certeza", canção sobre uma história de amor que não vingou. Enquanto "Bahia" traz uma levada com ares de bossa nova, "Olhos Fechados Para o Azar" surge recheado de metais num refrão com levada dance, que se destaca pelos versos otimistas, sugerindo que o mar bravio seja enfrentado sem medo algum.

O disco ainda apresenta faixas marcadas pelo soul, como "Funcionário do Mês", uma espécie de crônica cotidiana sobre os anseios de um trabalhador, e também pelo folk, na singela "Anéis de Saturno".  Como grata surpresa, "Todo Nó" encerra o disco com acordes de piano e a sensação de que a alegria é mesmo a mão que tira o sono devagar. 


Ouça o disco completo

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