segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A arte multifacetada de Ana Cañas

Foto: Secom PMVC

Nome importante de uma nova safra de artistas brasileiros, Ana Cañas é uma artista plural, cheia de autenticidade e muito talentosa. Nossa equipe bateu um papo com a cantora, que falou sobre seus últimos trabalhos, e seu olhar para a nova música brasileira.


Você é de uma mesma geração de artistas como Céu, Mariana Aydar e Thiago Pethit, que são comumente tidos como artistas de uma “nova MPB”. Você concorda com essa denominação? Você se considera parte dela?
Eu já tenho dificuldade com o termo MPB em si e acho que “nova MPB” foi um termo cunhado na falta de algo melhor. Porque é uma geração que tem influência de todo tipo de som, mistura muita coisa. Eu não vejo a gente como uma MPB. Eu acho que o termo MPB foi muito calcado nos artistas que não se filiavam nem à tropicália, nem à bossa nova, nem à jovem guarda, daí o que sobrava era MPB, que era um trabalho muito calcado em cima do violão de nylon. Acho que o nosso trabalho tem muita influência da música mundial, do afrobeat, dub, reggae, rock, blues, jazz, então confesso que é um termo do qual não gosto.

No seu DVD você traz alguns poemas seus que são bastante íntimos. Você pensa em investir na carreira de poetisa e quem sabe lançar um livro?
Isso começou de uma forma super espontânea. Comecei a falar num show, deu certo e todo mundo gostou. Até hoje eu declamo os poemas e as pessoas gostam. Eu sou fã de literatura, de poesia, de várias poetisas brasileiras, mulheres que, inclusive, são pouco conhecidas. Ana Cristina César, Hilda Hilst, Cecília Meireles, grandes escritoras brasileiras que, muitas vezes, são reconhecidas, mas num patamar inferior aos poetas homens da literatura brasileira. Não me considero uma poetisa assim, a ponto de publicar um livro, mas eu sigo por aí falando algumas coisinhas.

Foto: Secom PMVC

No seu último CD você traz músicas em francês, espanhol e inglês. Como foi a escolha do repertório nesse sentido e por que explorar outros idiomas?
Eu montei o repertório junto com Ney Matogrosso, e foi uma sugestão dele que eu mantivesse esse meu lado intérprete meio poliglota, que era uma coisa interessante. Eu cantei um tempo na noite e, na época, eu fazia muito isso. Na verdade, a gente escolheu mais pela canção do que pela língua. Não foi assim: “ah, vamos escolher uma espanhol, uma em inglês e uma em francês”; foi acontecendo. Eu, por exemplo, não falo francês e escrevi uma música usando o Google Translate. A música entrou numa novela, ficou conhecida e eu acabei levando pro show. “La Vie En Rose”, a minha avó cantava pra mim, então cada canção tem um por que. A canção em espanhol eu fiz com uma cantora mexicana, e o jazz é uma coisa que é sempre presente pra mim, então, acabo levando pro palco. Mas eu gosto de cantar em todas as línguas. A música sendo boa, ela transcende a questão da linguagem. Eu mesma escutava música em inglês quando era pequena, não sabia o que eles estavam dizendo, mas ficava totalmente tomada pela energia da canção, pelas melodias e tal. Acho que a verdadeira língua é a melodia, e a literatura da linguagem vem depois. O que chega primeiro é a melodia.

Ana Cañas - Rock and Roll (Led Zeppelin)

Nenhum comentário:

Cuíra no Facebook