A receita pode não ser fácil, mas leva xaxado, várias colheres de samba, um tantinho de salsa, uma pitada de choro e até uma dose de Caetano. É assim que a carioca Guidi Vieira apresenta "Temperos", seu atual disco de trabalho. De gosto leve, o álbum traz frescor para a música popular brasileira, aquela que resgata as raízes, mas de cara nova e, nesse caso, saborosa.
Com dez faixas, "Temperos" é daqueles discos que você nem se dá conta quando acaba, mas aproveita cada nuance de brasilidade tão bem cantado por Guidi. Do xaxado de "Choro" até o blues de "Début", Guidi soa leve e despretensiosa na arte de encantar pelo canto. O mais surpreendente é que, ao ouvir o disco pela primeira vez, você não consegue prever o que vem na faixa seguinte, já que as referências são tão diversas quanto as sensações que se escondem em cada música.
Como um bom prato, o gosto de "Pronta Entrega" é daqueles adocicados, que deixa a vontade de repetir em muitos outros encontros. O encantamento que a paixão provoca ganha contornos deliciosos em um samba com sonoridade antiga. O resultado não podia ser diferente: a faixa mais viciante do disco. E tem a ritmada "Samba do Pé", que traz um frescor nordestino; tem a questionadora "Três Meninos", que nos traz a lembrança do mestre Chico; tem a dolorida "O Varal", que, genialmente, metaforiza o fim de uma relação por meio do simples varal no quintal.
Guidi ainda regrava "Tigresa", de Caetano Veloso, ajustando o tom para a proposta sutil do disco e deixando de lado a força habitual comumente ouvida nas gravações clássicas da faixa. No meio de tantas referências brasileiras e uma doce voz, "Temperos" é um daqueles discos para se ouvir de tardinha com o coração leve.
Ouça "Temperos" no Rdio
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