Com sua natural dose de melancolia, poesia cotidiana e experimentação, o carioca Cícero lançou ontem (26), o disco “A Praia”, terceiro trabalho de estúdio da carreira. Aclamado pelos apaixonados da chamada “nova música brasileira” desde o lançamento do seu primeiro álbum, “Canções de Apartamento”, Cícero afirma seu talento no cenário musical, apresentando trabalhos cada vez mais maduros.
Em “A Praia”, o músico mantém a fusão de elementos sonoros minimalistas e ruídos eletrônicos já experimentados em seu antecessor, “Sábado”. Diferente do seu primeiro disco, onde a linearidade do sentimento era traçada basicamente pelos acordes dedilhados no violão, nos últimos trabalhos Cícero ousou construir uma sonoridade mais estética, uma colagem bem sucedida de sons para criar uma atmosfera intimista e acolhedora.
“Frevo Por Acaso nº2” abre o disco com sua poesia libertadora, seguida por “A Praia”, onde é possível sentir a “desordem” bem alinhada de sons, instrumentos e letras com frases marcantes. O romantismo tão peculiar do artista chega aos versos escancarados - e apaixonados - de “De Passagem”, um tímido baião com sabor de nostalgia. Já na faixa “O Bobo”, Cícero apresenta um maracatu recheado de sintetizadores.
A experiência sonora de “A Praia” ganha elementos ainda mais interessantes em “Albatroz” e “Cecília & a Máquina”, com a inclusão de registros urbanos e naturais, como o roncar de motos e caminhões, o quebrar de ondas e o cantar de pássaros. Como quem guarda o melhor vinho para o final da festa, Cícero entrega um registro genuíno em “Terminal Alvorada”, décima e última faixa do disco, uma das melhores canções de sua discografia.
“A Praia” está disponível para download gratuito no site do artista. A dica é que o álbum seja apreciado fazendo-se uso do fone de ouvido, envolto por calmaria.
Ouça "A Praia" no Youtube
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