Saulo faz de "Baiuno" um lugar puro para a poesia

Pés na areia, cabelo ao vento e um coração tão risonho quanto a alma de músico. É assim que "Baiuno", segundo disco na carreira do baiano Saulo Fernandes, chega. Vem como um menino que cresceu no interior da Bahia, que se encanta com as coisas simples e sabe olhar com respeito para onde tudo começou.

Com 13 faixas inéditas (quase todas autorais), o novo disco não só confirma o amadurecimento poético de Saulo, como sinaliza um caminho que se distancia do axé esvaziado que vem sendo produzido nos últimos anos. A percussão e a ginga são a porta de entrada de "Baiuno", que traz em "Tambor Menino" a alma de criança presente no artista. Inspirado justamente nesta criança que mora em cada um de nós, "Baiuno" ainda traz a especial "Erê de Dois", que esbanja influências dos batuques africanos e das próprias brincadeiras da nossa cultura popular.

E por falar em África, é impossível olhar para o trabalho de Saulo e não enxergar as influências de lá. "Perudá" não só traz essas referências no arranjo, como também na composição e nas participações dos músicas africanos Étienne M'Bappé e Ray Lema. Mas "Baiuno" é ainda mais especial por não esquecer a outra raiz tão importante em nossa cultura: a sertaneja. Claramente influenciado por Gonzaga e Gil, "Mokhtar" é uma das faixas mais incríveis do novo disco. Composição do próprio Saulo, as referências à cultura nordestina em sua letra aliadas ao acordeão de Mestrinho dão o tom necessário para fazer da faixa uma verdadeira obra prima.

E o amor não poderia ficar de fora na obra de um verdadeiro poeta. Aqui, "Baiuno" se apresenta em formas e tons diversos. A leveza natural de "Floresça", o romantismo aberto pelo som de um sax em "Outra Vez" e o xote suave de "Nosso Amor" são capazes de deixar qualquer coração encantado. Além dos parceiros musicistas, Tó Brandileone divide a terna "Leve-me ao Mar" com Saulo, uma das composições mais lindas do disco.

"Baiuno" é para quem não teme o amor, quem deseja viver além de todo o mal e sem medo de sorrir à toa. É a prova de que Saulo busca, a cada trabalho, transformar sua essência de menino em música.

As mais ouvidas: "Outra Vez", "Floresça" e "Tambor Menino"

Confira o show de lançamento de "Baiuno"

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