sábado, 20 de setembro de 2014

O nascimento da banda Acarta


Com o primeiro show agendado para este domingo (21), a banda Acarta se junta ao time de bandas que movimentam o cenário da música independente de Vitória da Conquista. Apesar de ser a primeira vez que o grupo irá subir aos palcos para apresentação do repertório autoral, que vem sendo intensamente trabalhado desde março deste ano, Acarta traz experiência de sobra na bagagem para não decepcionar o público.

Isso porque Marx Eduardo (voz e guitarra), John Carneiro (voz e guitarra), Russano (bateria) e Pel (baixo) são “velhos” conhecidos da música na cidade e trazem no currículo passagem por projetos de grande relevância para a cena conquistense, como Os Barcos, Alagados, 1 em pé 2 Aladados e Ardefeto. 

O som d’Acarta ainda é um mistério, mas a equipe da Cuíra conversou com Marx e John para tentar descobrir um pouco da essência e o que move esse projeto que já nasceu cheio de expectativas. 

Cuíra Musical: Como nasceu a ideia da banda?

Marx Eduardo
Marx: A banda surgiu justamente de uma necessidade individual de fazer um som. Eu tinha acabado de sair de uma banda, fui estudar fora e, quando voltei, estava com vontade de novamente trabalhar com músicas próprias, canções próprias, etc. Conversando com uns amigos, chegou a ideia de fazer um projeto solo, “Marx Eduardo”. Cheguei até a gravar no estúdio algumas canções, fui buscar músico pra me acompanhar no estúdio e, posteriormente, nos shows. Já estava tudo certo. Mas eu não estava satisfeito, porque eu não queria essa responsabilidade de carreira solo. Sempre gostei de ter outras pessoas compondo comigo. Surgiu a ideia de buscar uma banda então, autoral, em que todos tenham essa responsabilidade, todos tenham voto, que role alegrias, tristezas, e que a gente consiga compor algo juntos, não só música. Eu acho que a banda não compõe só musica, banda compõe estética, compõe pensamento, compõe amizade. Ai eu saí em busca, e a primeira pessoa que eu pensei na hora foi John. Entrei em contato com ele, e ele topou, inicialmente, fazer a guitarra pra mim, mas eu sabia que depois ia seduzir ele pra também cantar e compor as músicas dele.  Logo ele mostrou as músicas, e eram completamente compatíveis com aquilo que eu tava pensando, justamente pela diferença e pela semelhança ao mesmo tempo. Depois eu pensei em Russano e em Pel, e aí formamos a banda.

CM: Vocês são músicos com períodos diferentes de carreira. Com relação às influências de vocês agora, o que é que mais anda norteando o trabalho de vocês nesse período de composição e de gravação?

Marx: As influências vão muito além da música de fato. Tem influência do cinema, da literatura, da arte urbana, da cidade, da arte rural. Eu acho que tudo aquilo que atravessa a gente é a própria influência. Em se tratando de música, atualmente, toda vez que a gente vai ouvir algo, antes ou depois do ensaio, ouvimos muita música brasileira, o que tá rolando agora e o que rolou antes. A gente gosta muito de vinil, porque ele tem uma qualidade em relação às músicas compiladas. A gente anda redescobrindo clássicos que já existiam como Gal e Caetano. Tem uma banda americana que a gente gosta muito chamada Wilco. John vem de uma veia muito forte de Lenine, de música pesada, não no sentido só de guitarra, mas de coisa encorpada. Acho que a gente tá meio que influenciando um ao outro. 
John: Como a relação da gente é muito próxima, principalmente entre eu e Max, nós escutamos basicamente a mesma coisa. Gosto muito de Gonzaguinha. Meio que a gente faz um translado entre o que ele gosta, o que eu gosto, mas, no geral, é bastante música brasileira mesmo.

John Carneiro
CM: Vocês formam uma banda que está surgindo agora. Como vocês analisam o cenário nacional, no que diz respeito ao rock e, principalmente, a essas bandas que estão nascendo agora?

Marx: Acho que a gente tá num momento que muita gente da nossa geração tava esperando: começando a colher os frutos do que foi plantado ali no final dos anos 90 pra início dos anos 2000, com as bandas Charlie Brown Jr., Planet Hamp, O Rappa, Los Hermanos. Eram bandas que, desde quando elas eram alternativas, os públicos lotavam as casas pra ouvir as músicas deles. Tá bombando tudo: teatro, cinema, produção audiovisual. A gente tá colhendo o fruto desse passado recente autoral, que consegue encher as casas, encher as timelines.

CM: E com relação ao disco? Vocês já estão nesse processo de produção de músicas autorais e a pretensão é de que o álbum seja lançado ainda esse ano, mas já tem alguma previsão?

Marx: Temos quase 100GB de material, de foto, de vídeo. Vamos gravar um CD ao vivo no estúdio, como algumas bandas já vem fazendo. Estamos com mais de 80% do disco pronto. Prever mês [de lançamento] é difícil, mas queremos lançar ainda esse ano. A maior dificuldade é a questão financeira, gravar um disco é muito caro, mas não vemos a hora!

CM – Vocês terão disco físico? Irão disponibilizar a internet?

Marx: Não tem como fugir da plataforma internet. A gente tem o sonho do disco físico. Vamos pleitear o disco físico por algum edital, mas na plataforma virtual terá assim que sair.

A banda Acarta se apresenta neste domingo (21), na festa de lançamento do Festival Suíça Bahiana, que acontece no Clube D’Waller, a partir das 17h. O evento também irá contar com a apresentação do cantor Wado, em turnê com o disco “Vazio Tropical”. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia), mas se você já garantiu seu passaporte para o festival, a entrada é gratuita.

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